Apesar de estarmos longe do ideal, é inegável que, desde a redemocratização, a autonomia do paciente vem sendo difundida e valorizada.
Mas para que a autonomia do paciente seja efetivada em toda a sua plenitude, é crucial que a autonomia do médico também seja respeitada (e repensada).
Como o profissional vai conferir autonomia para o seu paciente se a Operadora de Saúde lhe obriga a prescrever a terapia x quando o ideal (segundo a literatura e o caso do paciente) seria prescrever a terapia y?
A realidade é que o médico está trabalhando sob pressão, em sua dicção mais pura, pois fica acuado em prescrever tratamento que não atenda aos interesses pecuniários (ou de outras ordens) da Operadora ou da Instituição em que trabalha.
O médico fica acuado, com medo de prescrever o melhor para o seu paciente. Com medo de falar a verdade. Com pavor de ser descredenciado pela Operadora.
Aliás, dois clientes meus sofreram um processo administrativo da Operadora porque prescreveram tratamento cirúrgico que não estava previsto no rol da ANS, sendo que era o recomendado ao quadro de saúde do paciente, e referendado pela literatura médica mundial (o paciente judicializou o seu atendimento, e graças a isso, teve o seu problema de saúde resolvido).
Olha a que situação chegamos.
O caso da Prevent Senior, sem entrar no mérito dos fatos, trouxe luz ao debate da autonomia médica, e mostrou apenas a pontinha do iceberg de algo seríssimo que há muito vem ocorrendo no cenário da saúde, e que presencio diuturnamente na minha labuta.
É, meus amigos, o debate precisa continuar, para o bem da medicina, para o bem da sociedade, para o bem da dignidade humana…